domingo, 19 de março de 2017

Eu acredito

Eu acredito, que se é muito do que querem que se seja
Eu acredito, que quem quer também o faz
Eu acredito, no que vejo, no que sinto, naquela palavra sentida
Eu acredito, que posso ser melhor, aprender todos os dias
Eu acredito, porque te o ouvi dizer
Eu acredito, que sou como quero ser, porque me quiseste assim.
Tenho sorte por te ter, tenha sabedoria para desfrutar, porque acredito que és, como quem era para ti, quem tu és para mim.
Eu acredito.

Carlos Lezón Bouças, dedicado ao meu pai

sábado, 11 de março de 2017

Entrevista ao Jornal O Norte

É natural de Braga e fez formação no SC Braga mas, curiosamente, passou grande parte do percurso de jogador e treinador no distrito de Viana do Castelo. Qual o motivo dessa ligação?
Quando terminei o 12º ano de escolaridade resolvi continuar a estudar e entrei no IPVC, Escola Superior de Educação de Viana do Castelo. Depois, acabei por ficar a viver em Viana do Castelo e isso foi determinante para o meu percurso futebolístico a partir daí.

Ficou satisfeito com o trajecto que conseguiu no futebol ou tem a sensação que podia alcançar outro patamar?
É uma pergunta que me deixa sempre uma sensação de insatisfação. Tinha o sonho de ser futebolista profissional e consegui-o ser, ainda por cima, no clube da minha cidade, no meu clube de coração. Os tempos eram diferentes, naquela fase era muito difícil os jovens jogadores terem oportunidades. Eu fiz parte de um plantel com 30 jogadores!!! Isso agora é impossível. Acho que me faltou uma verdadeira oportunidade para me afirmar no futebol profissional, na altura certa. Mais tarde cheguei a ter uma proposta do Varzim, mas já era professor, jogava na A. D. Os Limianos e queria estabilidade, pelo que optei não voltar a ser profissional. Acabei por fazer um percurso pelos principais clubes do Alto Minho.

Representou o Vianense, Limianos, Neves e Monção. Qual o clube que mais o marcou?
De forma resumida, que balanço faz do que viveu em cada um desses clubes?


Sem dúvida nenhuma que foi a A.D. Os Limianos. Fiz parte da mais bela página da história do clube, na época de 1993/94. Era um grupo fantástico em que tive o prazer de jogar com grandes jogadores mas também conviver e fazer amizades para a vida. Conseguiu-se um triângulo perfeito, direção, equipa técnica e
plantel. Arrastávamos multidões, jogávamos muito bem e eramos falados por isso. A segunda época também foi muito boa com uma grande classificação na 2ª B, tendo liderado a tabela durante várias semanas. As duas épocas seguintes ficaram negativamente marcadas pelo descalabro diretivo que levou a uma grave crise no clube.
No S.C. Vianense, joguei uma época, emprestado pelo S.C. Braga a meu pedido. Foi uma época muito boa, tendo o clube exercido forte pressão para a minha continuidade.
No Neves F.C. joguei duas temporadas. A primeira foi muito boa. A segunda foi muito difícil. Acabei por ter uma primeira experiência como treinador. A direção do clube pediu-me para passar a jogador treinador. Aceitei apenas fazê-lo por uma semana até encontrarem novo treinador. Nunca achei boa ideia conjugar estes dois papéis.
No Desportivo de Monção foi a última época como jogador. Foi um ano difícil, que precipitou definitivamente o final da minha carreira. Estava cansado e não era fisicamente.


Em que momento começou a pensar em ser treinador e como foi essa transição de deixar de jogar para começar a treinar?
Desde muito cedo senti necessidade de perceber o treino. Tirei o Curso de professor de Educação Física e isso ainda me aguçou mais esse apetite. Com 25 anos já tinha o curso de 2º nível de treinador de futebol.
A transição deu-se com um convite do Rogério Amorim para o acompanhar como adjunto numa aventura no Valecambrense. Eu estava desiludido com a época em Monção. Ainda lhe perguntei se era para ir como jogador…

Como treinador principal comandou apenas o Cerveira e Vianense. Como foram essas épocas de treinador?
Após várias temporadas como adjunto do Rogério Amorim, com quem aprendi muito, surgiu a hipótese de treinar o Cerveira. Tínhamos começado a trabalhar há duas semanas no Desportivo de Monção quando convidaram o Rogério para treinar o Cerveira. Ele recusou pois tinha acabado de assumir outro projeto. No entanto, em conversa comigo disse que seria uma boa oportunidade para mim. E foi assim que comecei. O plantel tinha c qualidade embora os resultados estivessem longe de ser bons. O Clube estava na luta pela manutenção. Acabei por fazer um bom trabalho fazendo aquela que penso ser a melhor classificação de sempre do Cerveira na 3ª divisão. No ano seguinte as coisas correram muito mal, quando as pessoas não são sérias é difícil conseguir-se bons trabalhos. Acabei por sair no final da primeira volta a 3 pontos da manutenção.
Nessa mesma época surgiu o convite do S.C. Vianense. A situação era muito complicada. Faltava dez jornadas, seis jogos eram fora de casa. O clube não ganhava há 3 meses. Os jogadores reponderam espectacularmente à minha forma de trabalhar e conseguimos uma grande recuperação com a penas uma derrota no primeiro jogo. Na época seguinte traçamos o objectivo de lutar pela subida. Algumas contrariedades e azares dificultaram um pouco. Mas estava tudo ainda dentro dos objectivos. A direcção achou que deveria mudar e assim o fez. Acabei por sair.
Depois disso não treinou mais nenhum clube. Qual a razão desse afastamento e se pensa em voltar a treinar?
Não treinei mais nenhum clube, porque mais nenhum clube me convidou. Se surgir um convite irei analisar pois nunca assumi um términus da minha carreira como treinador.

Encontra semelhanças entre as suas características como jogador e do seu filho Ricardo Bouças?
Sim. Em termos técnicos eu era mais vistoso, ele mais completo mas é o fator técnico o que mais se destaca nos dois. O porte físico semelhante dá-lhe elegância que diziam eu também ter. Ele é mais aventureiro eu era mais líder. Ele tem excelentes qualidades para ser um central de bom nível.

Melhor colega no futebol?
Felizmente foram muitos, não consigo destacar nenhum.

Melhor dirigente?
Sr. José Vieira na A.D. Os Limianos, pela proximidade que tinha com os jogadores e pela humanidade que sempre revelou.

Melhor treinador?
Destaco dois, dois “Rogérios”. O Rogério Gonçalves porque foi o meu primeiro “Treinador”, foi o primeiro que treinava o queria que acontecesse no jogo. O Rogério Amorim porque foi uma pessoa que subiu a pulso, muito estudioso, que pensa o futebol todos os dias na procura do melhor exercício para determinado objectivo. Para além disso é uma pessoa extraordinária.

Melhor jogador?
Fernando Pires no meu trajecto de formação.

Melhor momento no futebol, como jogador ou treinador?
Como jogador destaco dois. O momento da assinatura de contrato profissional com O S.C. Braga e o Campeonato Nacional da 3ª divisão pela A.D. Os Limianos.
Como treinador adjunto, a subida do S.C. Vianense à 2ª B e a salvação matemática do Vianense na primeira época.

Pior momento no futebol, como jogador ou treinador?
Como jogador foi ter que tomar a decisão de abandonar a A.D Os Limianos antes da época terminar.

Como treinador foi ter sido demitido no S.C. Vianense de uma forma pouco limpa.